quarta-feira, 6 de junho de 2012

A REDE...LEGADO CULTURAL DOS POVOS INDÍGENAS...

A rede tornou-se um ícone da cultura Nordestina, tendo sido mais que um amparo ao nosso sono e cansaço. Além da sua importância na economia da região, nela estão embebidas as recordações de infância, o doce balanço das horas de repouso e as brincadeiras de todo tipo que uma imaginação infantil pode realizar.
Gilberto Freire em seu livro "CASA GRANDE & SENZALA" menciona o adormecer de muitas crianças brasileiras, ouvindo o ranger tristonho dos punhos da rede.
Segundo um estudo etnográfico de Luis da Câmara Cascudo, o uso da rede de dormir é um costume herdado dos povos indígenas e foi Pero Vaz de Caminha, escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral, que em 27 de Abril de 1500, documentou sua descrição, a nominando de "rede de dormir" pela semelhança com as redes de pescar. Os indígenas a chamavam de "ini" e eram feitas pelas mulheres, que usavam cipós e fibra de palmeiras na sua confecção. 

As mulheres portuguesas adaptaram e aperfeiçoaram a técnica indígena, passando a fazê-las em algodão e sua divulgação por todo Nordeste foi feita pelos jesuítas e padres. Meio século depois da chegada dos Portugueses a rede já era usada pelos colonos e nas casas grandes dos engenhos de cana de açúcar. Também  carregada facilmente em viagens, pelo fato de serem leves e de pouco volume. As camas de madeira eram pesadas e até então, ainda não se fabricavam na Colônia.


Também, no Brasil Colonial, era muito usada como meio de transporte, para longas viagens, quando era colocada numa vara, e levada nos ombros dos escravos. Esse tipo de rede era chamada de "serpentina". 
Nas áreas mais pobres do Nordeste, era costume o morto ser transportado em redes, então chamada "rede de defunto".
A vinda dos teares (aparelhos para tecer), possibilitou a confecção de tecidos mais compactos, de redes com franjas, varandas, também tornando-as mais confortáveis e ornamentais. A nossa região se sobressai na sua produção e distribuição pelo país e essa fabricação das redes de dormir, herdado dos povos indígenas, tornou-se um dos mais importantes elementos da nossa economia, empregando grande número de trabalhadores, contribuindo para o crescimento do nosso Município e enriquecendo a nossa cultura.

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